segunda-feira, 21 de julho de 2008

Why So Serious?

Fui assistir a O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008) e sinto ainda não ter visto o filme definitivo do Batman, por três grandes erros e alguns pequenos detalhes. E também por causa da crítica "especializada", que fez minhas expectativas atingirem as alturas, ao o exaltarem como um filme extremamente crível.

Os três grandes erros são dois exageros dignos de James Bond, sendo um deles culpa dos fãs xiitas, que reclamaram que em Batman Begins (2005), Batman não teria usado muitos de seus bat-apetrechos; e uma cena em que Batman entorta o cano de uma arma com uma só mão! Quase fui embora do cinema.

Dentre os pequenos detalhes, o único digno de menção é a substituição da (feia, sem-graça e péssima) atriz Katie Holmes, a Rachel Dawes, pela (horrorosa) Maggie Gyllenhaal. Perdeu-se a continuidade da personagem. Além disso, é inexplicável os dois personagens mais notórios de Gotham City se apaixonarem por uma barangona daquelas.

De positivo, a direção de Christopher Nolan e um roteiro de primeira baseado na HQ Batman: O Longo Dia das Bruxas (Batman: The Long Halloween, de Jeph Loeb) e não no clássico de Frank Miller, Batman: O Cavaleiro das Trevas (Batman: The Dark Knight Returns), como podem pensar os mais desavisados. Michael Caine e Gary Oldman continuam seguindo a lógica e mostrando ótimos trabalhos enquanto Morgan Freeman não brilha como poderia, mas também não prejudica. Christian Bale cresceu enormemente em relação ao primeiro filme, ancorado nos ótimos diálogos com Aaron Eckhart, no papel do promotor público Harvey Dent.

Se por um lado temos um filme excelente, mas imperfeito, por outro temos uma interpretação impecável de Heath Leager no papel do Coringa. Fazendo uma versão "apócrifa" do Coringa, que não tem a pele branca e cujo sorriso permanente é fruto de uma cicatriz de faca, Heath Leager nos presenteia com um Coringa amedrontador, inteligentíssimo e louco, que coloca todo seu intelecto em favor do mal simplesmente por causa de sua insanidade. Do caminhar, curvo e com os pés abertos à entonação da voz, oscilando entre o agudo e o grave, Heath mostra um pouco dessa loucura. Coisa de gênio, O Cavaleiro das Trevas não é o filme definitivo do Batman, é o filme definitivo do Coringa. Pena que, no final, ele morre.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Defeitos Genéricos

A chegada do frio traz consigo uma onda de doenças, sobretudo as respiratórias. Mas nenhuma delas é párea para a "virose". Está com tosse? É virose. Diarréia? Virose. Cefaléia? Virose! A virose é o que se pode chamar de diagnóstico de amplo espectro; um santo remédio para a dor de cabeça dos médicos. O paciente foi diagnosticado, não há muito o que possa ser feito e vai embora conformado em esperar os anticorpos reagirem.

A medicina não é a única área do saber que se utiliza da obscura técnica de disfarçar o não saber. No jornalismo esportivo, o "nó tático" é boa justificativa para o por que do revés no jogo. Em economia, o "mau humor do mercado" explica (!) por que perdemos dinheiro.

Na informática, o equivalente para a virose é a queda do servidor. "Alô, não estou conseguindo acesso". "Sinto muito senhor, o servidor caiu". Ninguém está disposto a verificar milhares de linhas de código atrás de encontrar um pequeno vazamento de memória que, com o passar dos dias, resulta na queda da aplicação. É mais fácil reiniciar o servidor de tempos em tempos e o problema "desaparece". Esquecemo-nos que, às vezes, os sintomas não desaparecem por si só. O HPV é uma virose que está relacionada com o câncer de colo do útero. Também, reiniciar o servidor pode não resolver o problema. Segundo a Folha de São Paulo, a Telefônica confirmou um problema de conexão em São Paulo que prejudica inclusive os registros da polícia. O prazo para normalização é indefinido.

Você e eu sabemos porque isso acontece. Falta "vontade política".