A chegada do frio traz consigo uma onda de doenças, sobretudo as respiratórias. Mas nenhuma delas é párea para a "virose". Está com tosse? É virose. Diarréia? Virose. Cefaléia? Virose! A virose é o que se pode chamar de diagnóstico de amplo espectro; um santo remédio para a dor de cabeça dos médicos. O paciente foi diagnosticado, não há muito o que possa ser feito e vai embora conformado em esperar os anticorpos reagirem.
A medicina não é a única área do saber que se utiliza da obscura técnica de disfarçar o não saber. No jornalismo esportivo, o "nó tático" é boa justificativa para o por que do revés no jogo. Em economia, o "mau humor do mercado" explica (!) por que perdemos dinheiro.
Na informática, o equivalente para a virose é a queda do servidor. "Alô, não estou conseguindo acesso". "Sinto muito senhor, o servidor caiu". Ninguém está disposto a verificar milhares de linhas de código atrás de encontrar um pequeno vazamento de memória que, com o passar dos dias, resulta na queda da aplicação. É mais fácil reiniciar o servidor de tempos em tempos e o problema "desaparece". Esquecemo-nos que, às vezes, os sintomas não desaparecem por si só. O HPV é uma virose que está relacionada com o câncer de colo do útero. Também, reiniciar o servidor pode não resolver o problema. Segundo a Folha de São Paulo, a Telefônica confirmou um problema de conexão em São Paulo que prejudica inclusive os registros da polícia. O prazo para normalização é indefinido.
Você e eu sabemos porque isso acontece. Falta "vontade política".
Um comentário:
Acho que falta colocar que além do diagnóstico médico da virose, ainda existe agora mais uma muleta que é o stress. Quando você entra no médico ele logo pergunta: "Você trabalha em quê?" Então, dependendo da resposta, o diagnóstico é stress. Acho que peguei stress ultimamente. Tenho que esperar meus anticorpos reagirem?
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