domingo, 4 de novembro de 2012

A Busca do "Eu"


Quando cumprimos a vontade de nosso verdadeiro Eu, nós estamos inevitavelmente cumprindo com a vontade do universo. Na magia ambas as coisas são indistinguíveis. Cada alma humana não é, de fato, UMA alma humana: é a alma do universo inteiro. E, enquanto você cumprir a vontade do universo, é impossível fazer qualquer coisa errada.

Muitos dos magos como eu entendem que a tradição mágica ocidental é uma busca do Eu com "E" maiúsculo. Esse conhecimento vem da Grande Obra, do ouro que os alquimistas buscavam, a busca da Vontade, da Alma, a coisa que temos dentro que está por trás do intelecto, do corpo e dos sonhos. Nosso dínamo interior, se preferir assim. Agora, esta é particularmente a coisa mais importante que podemos obter: o conhecimento do verdadeiro Eu.

Assim, parece haver uma quantidade assustadora de pessoas que não apenas têm urgência por ignorar seu Eu, mas que também parecem ter a urgência por obliterarem-se a si próprias. Isto é horrível, mas ao menos vocês podem entender o desejo de simplesmente desaparecer, com essa consciência, porque é muita responsabilidade realmente possuir tal coisa como uma alma, algo tão precioso. O que acontece se a quebra? O que acontece se a perde? Não seria melhor anestesiá-la, acalmá-la, destruí-la, para não viver com a dor de lutar por ela e tentar mantê-la pura. Creio que é por isso que as pessoas mergulham no álcool, nas drogas, na televisão, em qualquer dos vícios que a cultura nos faz engolir, e pode ser vista como uma tentativa deliberada de destruir qualquer conexão entre nós e a responsabilidade de aceitar e possuir um Eu superior, e então ter que mantê-lo.

Tenho estudado a escola da história do pensamento mágico e o ponto em que começou a dar errado. No meu entender, o ponto em que começa a dar errado é com o monoteísmo. Quero dizer, se olhar a história da magia, verá suas origens nas cavernas, verá suas origens no xamanismo, no animismo, na crença de que tudo o que te rodeia, cada árvore, cada rocha, cada animal foi habitado por algum tipo de essência, um tipo de espírito com o qual talvez possamos nos comunicar. E ao centro você tinha um xamã, um visionário, que seria o responsável por canalizar as idéias úteis para a sobrevivência. No momento em que você chega às civilizações clássicas, verá que tudo isto foi formalizado até certo grau. O xamã atuava puramente como um intermediário entre os espíritos e as pessoas. Sua posição na aldeia ou comunidade, imagino, era a de um "encanador espiritual". Cada pessoa no grupo devia ter seu papel: A melhor pessoa durante uma caçada tornava-se o caçador, a pessoa que era melhor pra falar com os espíritos, talvez porque ele ou ela estivesse um pouco louco, um pouco separado do nosso mundo material normal, eles tornavam-se os xamãs. Eles não seriam mestres de uma arte secreta, mas sim os que simplesmente espalhariam sua informação pela comunidade, porque se acreditava que isto era últil para todo o grupo. Quando vemos o surgimento das culturas clássicas, tudo isso se formalizou para que houvesse panteões de deuses, e cada um destes deuses tinha uma casta de sacerdotes, que até certo ponto atuariam como intermediários, que te instruiriam na adoração a estes deuses. Então, a relação entre os homens e seus deuses, que pode ser vista como a relação entre os humanos e seus "Eus" superiores, não era todavia de um modo direto.

Quando chega o cristianismo, quando chega o monoteísmo, de repente tem uma casta sacerdotal movendo-se entre o adorador e o objeto de adoração. Tem uma casta sacerdotal convertendo-se em uma espécie de gerência intermediária entre a humanidade e a divindade que está se buscando. Já não se tem mais uma relação direta com os deuses. Os sacerdotes não têm necessariamente uma relação com Deus. Eles só têm um livro que fala sobre gente que viveu há muito tempo atrás que teve relação direta com a divindade. E assim está bom: Não é preciso ter visões milagrosas, não é preciso ter deuses falando contigo. Na verdade, se você tem algo disto, provavelmente está louco. No mundo moderno, essas coisas não acontecem; as únicas pessoas as quais se permite falar com os deuses, e de um modo unilateral, são os sacerdotes. E o monoteísmo é, pra mim, uma grande simplificação. Eu quero dizer, a Cabala tem uma grande variedade de deuses, mas acima da escala, da Árvore da Vida, há uma esfera que é o Deus Absoluto, a Mônada. Algo que é indivisível, você sabe. E todos os outros deuses, e, de fato, tudo mais no universo é um tipo de emanação daquele Deus. E isto está bem. Mas, quando você sugere que lá está somente esse único Deus, a uma altura inalcançável acima da humanidade, e que não há nada no meio, você está limitando e simplificando o assunto.

Eu tendo a pensar o paganismo como um tipo de alfabeto, de linguagem. É como se todos os deuses fossem letras dessa linguagem. Elas expressam nuances, sombras de uma espécie de significado ou certa sutileza de idéias, enquanto o monoteísmo é só uma vogal, onde tudo está reduzido a uma simples nota, que quem a emite nem sequer a entende.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Imagine em Quadrinhos


O artista mexicano Pablo Stanley fez uma ótima versão em quadrinhos da música Imagine, de John Lennon.

domingo, 7 de outubro de 2012

O que aconteceu com o Coringa depois de The Dark Knight


Após a morte de Heath Ledger, e após o sucesso na interpretação do vilão em The Dark Knight, todos já estavam preocupados na saída do cinema de que seria quase impossível continuar a história do Coringa. O ator moldou um personagem perfeito para muitos fãs, coisa rara em adaptações de HQs para o cinema.

E então em outubro de 2008, logo após o lançamento de TDK, o ator Scott McClure iniciou um projeto chamado The Joker Blogs, que conta a vida do Coringa após sua prisão e o cumprimento da pena no Asilo Arkham, e o tratamento psicológico com a Doutora Harleen Quinzell (sim, a Harley Quinn).

O mais legal disso tudo é que o ator não fez a sua própria versão do Coringa  e sim, atuou o mais próximo possível do Coringa interpretado por Heath Ledger… em alguns momentos você até esquece que não é o Heath ali e imagina que aquilo possa ser mesmo o que tenha acontecido com o personagem depois do filme. Tudo é muito parecido: a maquiagem, o jeito, a voz (principalmente a voz, ela é o principal fator que fez o trabalho ficar animal).

Enfim, agora vou parar de falar e deixar vocês verem com os próprios olhos, aproveitem três episódios de "The Joker Blogs":

Episódio 01 – A terapia começa


Episódio 02 – Limites de Arkham


Episódio 03 – Conhecendo o Steve


Infelizmente, só esses três episódios estão legendados no momento. A série que vai ter uma segunda temporada ainda esse ano, tem mais de vinte  episódios, todos nesse canal aqui: The Joker Blogs. Quem quiser ver o restante deles em inglês mesmo, fique a vontade.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Desvirtuamento dos Jogos Olímpicos

Os jogos olímpicos ressurgiram pela ação do Barão Pierre Coubertin, educólogo que acreditava no esporte como parte da educação de todo jovem.

"Mens sana in corpore sano", mente sadia num corpo sadio.

A ideia nunca foi valorizar o esporte como fim, mas como um complemento.

A ideia era ter profissionais de várias áreas com saúde e corpo atlético, e nunca profissionais do esporte como um fim por si mesmo.

O que era uma ação pedagógica para incentivar jovens a fazer mais esporte, infelizmente se tornou ao longo destes anos uma política pública governamental para mostrar a "superioridade e a riqueza das nações".

Governos de todos os tipos, nacionalistas, socialistas e democráticos começaram a financiar jovens a se tornar esportistas profissionais.

Os mais notórios exemplos foram Cuba, China e União Soviética, que procuravam e contratavam jovens geneticamente adequados para fazer parte de seus exércitos, mas em vez de serem treinados em defesa, treinavam para os jogos olímpicos em tempo integral.

Jogando fora a ética e o espírito das Olimpíadas ganhavam medalhas de esportistas amadores.

Os Estados Unidos logo vieram atrás.

Faculdades privadas nos Estados Unidos começaram a admitir nas melhores escolas do país jovens com aptidão atlética, e não necessariamente com aptidão acadêmica.

Atletas americanos ganham bolsas de estudo, mas estudo não era o que se demandava deles. A frase mudou para "Corpore Sano mas mente de ostra".

Para estes atletas bolsistas eram criados cursos fáceis que exigiam pouco estudo, para que pudessem treinar para as Olimpíadas em tempo integral.

Outros esportes menos conhecidos, os esportistas precisam de "patrocinadores" senão não têm condições de treinar como precisam.

Esta "profissionalização" disfarçada vai de encontro ao espírito olímpico, porque esporte era um complemento à vida acadêmica e não um fim em si mesmo.

E a partir de 1970, estes esportistas profissionais passaram a ser admitidos nos jogos olímpicos oficialmente, algo que até então era proíbido.

Cederam aos países não éticos, que viam nos Jogos Olímpicos uma forma de se mostrar superiores aos demais.

Rafael Nadal é o campeão olímpico de 2008, única competição que ele disputa sem o objetivo lucro, o que é uma enorme hipocrisia da parte dele.

A final de tênis Federer x Smith foi uma reprise de Wimbledon, onde só tem profissionais. 

Felizmente, o Comitê Olímpico aprovou os Jogos Olímpicos da Juventude.

O primeiro foi em 2010, e são estes jogos que mantêm a chama olímpica viva, para jovens de 14 a 18 que ainda não caíram no profissionalismo egoísta do esporte como fim.

Precisamos dar mais atenção aos Jogos da Juventude e proibir aqueles esportistas que só se dedicam ao esporte e nada mais, pagos para aumentar o seu status profissional com dinheiro do contribuinte.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Versos Íntimos

Conforme prometido na minha última postagem, o poema Versos Íntimos, de Augusto dos Anjos.

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Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Queixas Noturnas

Augusto dos Anjos é, indiscutivelmente, meu poeta favorito. Cético em relação às possibilidades do amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, Nem há mulher talvez capaz de amar-me"), Augusto dos Anjos fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu pensamento. Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo e tudo é egoísmo e angústia em seu livro ("Ai! Um urubu pousou na minha sorte"). Dentre seus poemas, meu favorito é Versos Íntimos, mas vou poupá-lo para uma postagem futura. Hoje, o poema que mais me representa é Queixas Noturnas, que vocês podem acompanhar aí embaixo.

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Queixas Noturnas

Quem foi que viu a minha Dor chorando?!
Saio. Minh’alma sai agoniada.
Andam monstros sombrios pela estrada
E pela estrada, entre estes monstros, ando!

Não trago sobre a túnica fingida
As insígnias medonhas do infeliz
Como os falsos mendigos de Paris
Na atra rua de Santa Margarida.

O quadro de aflições que me consomem
O próprio Pedro Américo não pinta...
Para pintá-lo, era preciso a tinta
Feita de todos os tormentos do homem!

Como um ladrão sentado numa ponte
Espera alguém, armado de arcabuz,
Na ânsia incoercível de roubar a luz,
Estou à espera de que o Sol desponte!

Bati nas pedras dum tormento rude
E a minha mágoa de hoje é tão intensa
Que eu penso que a Alegria é uma doença
E a Tristeza é minha única saúde.

As minhas roupas, quero até rompê-las!
Quero, arrancado das prisões carnais,
Viver na luz dos astros imortais,
Abraçado com todas as estrelas!

A Noite vai crescendo apavorante
E dentro do meu peito, no combate,
A Eternidade esmagadora bate
Numa dilatação exorbitante!

E eu luto contra a universal grandeza
Na mais terrível desesperação
É a luta, é o prélio enorme, é a rebelião
Da criatura contra a natureza!

Para essas lutas uma vida é pouca
Inda mesmo que os músculos se esforcem;
Os pobres braços do mortal se torcem
E o sangue jorra, em coalhos, pela boca.

E muitas vezes a agonia é tanta
Que, rolando dos últimos degraus,
O Hércules treme e vai tombar no caos
De onde seu corpo nunca mais levanta!
É natural que esse Hércules se estorça,
E tombe para sempre nessas lutas,
Estrangulado pelas rodas brutas
Do mecanismo que tiver mais força.

Ah! Por todos os séculos vindouros
Há de travar-se essa batalha vã
Do dia de hoje contra o de amanhã,
Igual à luta dos cristãos e mouros!

Sobre histórias de amor o interrogar-me
É vão, é inútil, é improfícuo, em suma;
Não sou capaz de amar mulher alguma
Nem há mulher talvez capaz de amar-me.

O amor tem favos e tem caldos quentes
E ao mesmo tempo que faz bem, faz mal;
O coração do Poeta é um hospital
Onde morreram todos os doentes.

Hoje é amargo tudo quanto eu gosto;
A bênção matutina que recebo...
E é tudo: o pão que como, a água que bebo,
O velho tamarindo a que me encosto!

Vou enterrar agora a harpa boêmia
Na atra e assombrosa solidão feroz
Onde não cheguem o eco duma voz
E o grito desvairado da blasfêmia!

Que dentro de minh’alma americana
Não mais palpite o coração - esta arca,
Este relógio trágico que marca
Todos os atos da tragédia humana!

Seja esta minha queixa derradeira
Cantada sobre o túmulo de Orfeu;
Seja este, enfim, o último canto meu
Por esta grande noite brasileira!

Melancolia! Estende-me a tu’asa!
És a árvore em que devo reclinar-me...
Se algum dia o Prazer vier procurar-me
Dize a este monstro que eu fugi de casa!

domingo, 5 de agosto de 2012

Amor Divino

"Porque o amor entre homens e mulheres não dura? Porque ao invés de se ligarem reciprocamente à Fonte divina para se renovarem sem cessar, se agarram um ao outro e acabam se esgotando? Quando não há mais nada, eles são como recipientes vazios e rejeitam-se. Considerem, portanto, o seu parceiro como um ser precioso, único, e pensem que depende de vocês para torná-lo vivo, belo e rico, com condições de ligá-lo à Fonte, ao Pai Celeste, à Mãe Divina, a todas as hierarquias angélicas, ao sol, às estrelas…

O amor lhes dá todas as possibilidades. Mas se não estão esclarecidos, se ao invés de se ligarem ao Céu, vocês se agarram ao ser que amam e retiram toda a sua energia, com o passar do tempo, esse ser desmoronará, e vocês o amarão menos. Mas de quem é a culpa? Porque não se ligaram ao Céu? Agora estão inquietos, se questionam sobre ele. Porém, é muito simples: não souberam projetá-lo muito no alto para que pudessem beber e respirar… Até ele deve fazer a mesma coisa com vocês. Nesse ponto, não serão mais simples recipientes, serão uma fonte inesgotável um para o outro."

Omraam Mikhaël Aïvanhov

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A Importância de uma Boa Pergunta

Hein? É isso mesmo: as respostas que me desculpem, mas uma boa pergunta é fundamental.

Que pergunta você faria se encontrasse com um dos grandes Mestres da humanidade? Eu confesso que teria dificuldades em perguntar.

As pessoas passam a vida em busca de respostas, todavia de modo confuso e desordenado. Queremos na verdade um milhão de informações, quando precisamos de apenas uma: a resposta a uma boa pergunta. Questionamento em demasia é uma das coisas que os Mestres do Oriente mais condenam nos ocidentais. Perguntamos sobre tudo, várias vezes, o tempo todo. No Oriente se espera que as pessoas aprendam pela prática de seus exercícios e estudos, no decorrer de um longo período de tempo.

Um pouco desse comportamento justifica-se pela maneira como vivemos. Passamos a vida colecionando informações desnecessárias. E hoje, com a sofisticação das comunicações, somos bombardeados com muito mais informação do que precisamos para tomar nossas decisões. De fato, saber selecionar informações úteis será o grande desafio deste século.

Outro problema a ser enfrentado é que na maioria das vezes em que procuramos alguma resposta, na verdade buscamos a confirmação de algo que já temos na mente. Perguntar algo com o espírito sereno e imparcial é uma das coisas mais difíceis para os seres humanos. Perguntar, esperando uma determinada resposta, conduz muitas vezes à desilusão e à frustração. O perguntador sincero aguarda a resposta sem expectativas.

Ao buscar alguma informação pense sempre na pergunta. Ela deve ser clara, simples e conduzir a uma resposta adequada. Sim, existem perguntas que originam respostas confusas que não esclarecem nada. Sempre que receber uma resposta estranha ou inadequada pense se a pergunta foi bem formulada. Afinal, quem pergunta o que quer, ouve o que não quer.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Retratos Sonoros

Justo lembrar: 
A voz humana está carregada de vibrações 
Esforça-te por evitar os gritos intempestivos e inoportunos.

Uma exclamação tonitruante equivale a uma pedrada mental. 
Se alguém te dirige a palavra em tom muito alto, 
faze-lhe o obséquio de responder em tom mais baixo.

Os nervos dos outros são iguais aos teus: 
Desequilibram-se facilmente. 
Discussão sem proveito é desperdício de forças. 

Não te digas sofrendo esgotamento e fadiga para 
poder lançar frases tempestuosas e ofensivas; 
Aqueles que se encontram realmente cansados 
procuram repouso e silêncio. 

Se te sentes à beira da irritação 
estás doente e o doente exige remédio. 
Barulho verbal apenas complica. 
Pensa nisso: a tua voz é o teu retrato sonoro. 

Fonte: Emmanuel, do livro "Calma", de Chico Xavier

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Mulheres Ganham 30% a Menos do Que os Homens?

Corre de tempos em tempos uma lenda urbana de que empresas, "corporações" e empresários deliberadamente discriminam mulheres e pagam 30% a menos pelo mesmo trabalho feito por uma mulher do que pagam para um homem.

São pesquisas feitas por Universidades sérias, por sociólogos, antropólogos e economistas do trabalho. O que impressiona é como estas pesquisas são aceitas pela imprensa mundial, sem pestanejar.

Por isto, insisto que todo jornalista faça um MBA para poder fazer as perguntas relevantes antes de sair publicando pesquisas por aí.

Um MBA perguntaria de cara: Por que as empresas pagariam 42% a mais para contratar um homem quando uma mulher faria a mesma coisa, por um preço bem menor?

Nem sabem calcular estes 42%. De onde veio, você sabe? Não continue se não souber. Matricule-se.

E o que é mais impressionante, mais 42%, uma estatística muito mais forte jornalisticamente e mais chamativa do que menos 30%.

Um salário de R$ 1.000 dividido por R$ 700 é igual 42% minha gente, muito mais chamativo do que R$ 700 dividido por R$ 1.000 - 1, que é 30%.

Os defensores da causa feminista não são bons em números, e isto é preocupante.

Voltando à questão. Por que empresários gananciosos, ávidos de lucros, imbuídos de espíritos animais segundo estas mesmas economistas, contratariam só homens pagando 42% a mais?

Se existisse este tal espírito animal, administradores prefeririam ser rodeados somente de mulheres e não homens, evitando 42% de custos adicionais.

Fico muito assustado quando vejo um Obama e um Congresso Brasileiro passarem leis baseadas em pesquisas como estas, que não tem nem pé nem cabeça.

O que está de fato acontecendo?

Vejamos a profissão de taxistas.

Mesma profissão, mesmas ruas, mesmas horas de trabalho, e de fato mulheres ganham 15% a menos do que homens. Isto porque mulheres preferem não fazer o período noturno com a bandeira 2 suplementar, que varia de cidade em cidade.

Engenheiras da Petrobras ganham menos do que seus companheiros porque elas preferem não trabalhar nas plataformas marítimas, onde se ganham várias vantagens extras, em troca de ficar longe da família.

Mulheres tendem a evitar posições de risco. Homens solteiros são mais atirados e mais estressados, por sinal.

Em contrapartida, mulheres vivem 9% mais do que os homens, o que por sinal aumenta o custo atuarial de se contratar uma mulher.

Mulheres possuem várias vantagens trabalhistas devido à gravidez, meses onde ela recebe mas não trabalha. Isto aumenta o custo de se contratar uma mulher, custo que deveria ser dividido com o marido e não somente com a empresa, mas não o é.

Uma mulher que tenha 3 a 4 filhos, pode custar 9% a mais do que um homem, por meses trabalhado.

Do ponto de vista econômico, o consumidor não está disposto a pagar 9% a mais pelos produtos da empresa X, só porque as funcionárias decidiram ter mais filhos do que as funcionárias de uma empresa chinesa.

Em 2007, a Academia de Administração Americana publicou uma pesquisa de uma economista do trabalho, Francine Blau, onde ajustando por anos de estudo, cargo, raça, indústria e ocupação, mulheres ganhavam 91% do que ganhavam os homens. Ou seja, 9% a menos e não 30%.

Empresas americanas pagam sim 10% a mais para contratar um homem do que uma mulher, porque assim evitam pagar maiores custos atuariais, custos com gravidez, creches obrigatórias, e assim por diante.

Portanto, acredito que o mercado ajusta o preço entre mulheres e homens, segundo estas diferenças de custos, e não por machismo corporativo.

Eu sempre preferi contratar uma mulher mesmo com o mesmo salário, o que já é uma discriminação neste caso a favor. Subordinado macho é sempre uma encrenca a mais.

Na realidade, os 9% de diferença de salários são custos adicionais impostos por leis feitas por pessoas que nunca trabalharam numa empresa na vida.

Ou talvez, seja uma conspiração de jornalistas masculinos.

Ao publicarem que mulheres ganham 30% a menos, elas aceitarão ganhar 20% a menos, como jornalistas, de bom grado.

Assim, eles pagam menos e ficam rodeados de mulheres.

Brilhante!


quarta-feira, 4 de julho de 2012

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Wreck-It Ralph

A Disney lançou ontem o primeiro trailer de seu novo longa-metragem de animação Wreck-It Ralph (Detona Ralph, no Brasil).

Na trama, Ralph é um vilão de um jogo de videogame (claramente inspirado em Donkey Kong) que está disposto a provar que também pode ser um mocinho. Seu objetivo é ser tão adorado quanto seu adversário de jogo, Mario Fix-It Felix. A oportunidade surge quando ele descobre um jogo de tiro em primeira pessoa (FPS, no jargão dos videogames) comandado pelo Sargento Calhoun. Ralph invade o jogo cheio de boas intenções, mas acaba arruinando tudo ao libertar um inimigo mortal que põe em risco todos os outros games. Surge então a jovem encrenqueira Vanellope von Schweetz, para ensinar o verdadeiro significado de heroísmo.

Detona Ralph traz a participação de personagens famosos de diferentes games, como um fantasminha do Pac-Man, Bowser (da série Mario), Robotnik (Sonic) e Zangief (Street Fighter), como pode ser visto no trailer (em inglês):


Atualização:

Para promover o filme, a Disney lançou no seu site o jogo Fix-It Felix Jr. No jogo, Ralph sai detonando tudo e você tem que reparar os estragos. Clique aqui para jogar.


terça-feira, 12 de junho de 2012

Dia dos Namorados

Os europeus e os norte-americanos comemoram o Dia dos Namorados no Dia de São Valentim, em 14 de fevereiro, data de sua morte. O bispo Valentim lutou contra as ordens do imperador Cláudio II, que havia proibido o casamento durante as guerras acreditando que os solteiros eram melhores combatentes.

Além de continuar celebrando casamentos, ele se casou secretamente, apesar da proibição do imperador. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens lhe enviavam flores e bilhetes dizendo que ainda acreditavam no amor. Enquanto aguardava na prisão o cumprimento da sua sentença, ele se apaixonou pela filha cega de um carcereiro e, milagrosamente, devolveu-lhe a visão. Antes da execução, Valentim escreveu uma mensagem de adeus para ela, na qual assinava como "Seu Namorado" ou "De seu Valentim".

O dia 14 de fevereiro também marca a véspera da Lupercalia, festa anual celebrada na Roma antiga em honra de Juno, deusa da mulher e do matrimônio, e de Lupércio (ou Lupercus, o equivalente a na Mitologia Grega), deus da natureza. Um dos rituais desse festival era a passeata da fertilidade, em que os sacerdotes caminhavam pela cidade batendo em todas as mulheres com correias de couro de cabra para assegurar a fecundidade (!).

Na Idade Média, dizia-se que o dia 14 de fevereiro era o primeiro dia de acasalamento dos pássaros. Por isso, os namorados da Idade Média usavam esta ocasião para deixar mensagens de amor na soleira da porta do(a) amado(a).

Mesmo na antiguidade, o Dia dos Namorados tinha uma motivação mais nobre do que aqui. No Brasil, em 1949, uma loja de departamento paulistana procurou o publicitário João Dória. O desafio era bolar uma forma para aquecer as vendas durante o mês de junho, então um dos menos lucrativos para o comércio. O publicitário teve a sacada de criar o Dia dos Namorados.

 A justificativa de Dória para escolher 12 de junho é que o dia antecede o Dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro. Em 12 de junho de 1949 aconteceu o primeiro Dia dos Namorados do Brasil e não chamou muito a atenção, apesar de uma enorme faixa estendida em frente à loja: "Não é só de beijos que se prova o amor". Demorou mais de uma década para pegar, mas deu certo: hoje, é a terceira data mais pujante para o comércio brasileiro, perdendo apenas para o Natal e o Dia das Mães.

Enfim, tem gente que namora o dinheiro.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Espinhos

 
Por que o amor é assim.

Vi no MenTirinhas.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Fernando Pessoa e a Filosofia Hermética

A filosofia hermética assume-se como uma das facetas mais importantes do pensamento de Fernando Pessoa. Se é verdade que é na obra poética que se dá a grande realização de Fernando Pessoa, não é menos verdade que a contínua reflexão filosófica e religiosa, é uma faceta igualmente importante que convém revelar.

Em certos poemas de Alexander Search, o heterônimo juvenil, revela-se já o interesse pelo ocultismo.

O ocultismo é precisamente uma das chaves da pluralidade de que ele se reclama.

"Todos os que pensam ocultistamente criam em absoluto todo um sistema do Universo, que fica sendo real. Ainda que se contradigam: há vários sistemas do universo, todos eles reais" (Textos Filosóficos I).

Um dos seus projetos de conto, arquivado no espólio, tem precisamente por título "O Filósofo Hermético". Aqui define o oculto "como o interno, a outra face das coisas", e diz ainda que o oculto "significa o que não é presente, o que não é atual... o que já passou, o que virá a ser e também o que é, mas nós não o conhecemos".

A criação literária é para Fernando Pessoa, uma das faces do mistério iniciático. Mistério que se encontra subjacente na Mensagem, na heteronímia, no diálogo entre os vários poetas.

A iniciação única e sempre a mesma, que se encontra no pensamento filosófico, como na atividade literária é a do desdobramento que na criação se verifica desde o primeiro ser. Desdobramento, multiplicação, que depois de assumidos e esgotados permitem a unidade pela transcendência.

Em Essay of Initiation ele identifica transcendência com a fusão de toda a poesia lírica, épica e dramática: "O meu destino pertence a outra lei...", escreve numa carta a Ofélia.

A perfeição, para os gnósticos supõe a androginia, o regresso ao estado de pureza original do Éden.

A energia sexual deve ser canalizada para outros tipos de atividades. No poema Eros e Psique (1934) apontará uma via e uma revelação (com uma epígrafe tirada do Ritual do Grande Mestre do Átrio da Ordem Templária de Portugal).

Este gnosticismo, explica talvez parte da dificilmente explicável filosofia de Pessoa, que é hermética, mas numa multiplicidade de sentidos, apenas comparáveis aos múltiplos da heteronímia.

Explica também a recusa do casamento e a ausência da mulher na sua obra. "Sentir tudo de todas as maneiras" é um elo bem explícito, entre a filosofia hermética e a prática dos heterônimos, a maneira que tem de se entregar à multiplicidade até chegar à unidade, ao não-diferenciado.

A visão do mundo do poeta é altamente sincrética. A busca, como a iniciação, diz respeito a três ordens de coisas: primeiro, a verdadeira natureza da alma humana, da vida e da morte; segundo, a verdadeira maneira de entrar em contato com as forças secretas da natureza e manipulá-las; e por último, a verdadeira natureza de Deus ou dos Deuses e da criação do mundo (Esp. 54-97).

Fernando Pessoa revela-se venerador de um Deus-Mundo, de um Deus-Homem e um Deus-Deus-Reflexo do Espírito Santo, do Filho e de Si Mesmo "manifestação de si mesmo a si mesmo, hermafrodita espírito-matéria", segundo diz num apontamento sobre a Kabala (Esp. 54 A-20).

Assim, o simultaneismo da heteronimia é, um verdadeiro exercício espiritual não confessado: "Organiza a tua vida como uma obra literária, pondo nela toda a unidade que fôr possível" (Esp. 28-43).

A Ordem do Subsolo organiza-se à volta de um projeto, a criação de uma ordem interior "Ordem da Emoção", com os seus graus próprios. Os textos apresentados não passam de fragmentos ou projetos semi-alinhavados de ensaios que o poeta não chegou a acabar.

Faz a distinção entre "Ordem Interna" e "Ordem Externa", estabelecendo esquemas e correspondências entre duas ordens.

Faz também alusão a uma ordem de ciência ou de sabedoria que é a da emoção: "Há três ordens de scª: a da vontade, a da inteligência, a da emoção. A intuição é a inteligência da emoção [1]. Mas a emoção pura - eis a ciência".

Mais adiante escreve: "O mistério (que é tudo) não é comprehensível se não há emoção. A inteligência não pode compreender o mistério".

O Subsolo parece ser o esboço de uma estrutura simbólica servindo de suporte às ordens iniciáticas conhecidas, uma espécie de "assinatura", de "fundamento" de todas as que o poeta procurasse organizar. Ordem simbólica, para o seu entendimento contribui o texto em que se indica a gradação dos vários sentidos dos símbolo, literal, alegórico, moral, espiritual e divino. Para concluir que "numa cadeia racional, tudo é um" (Esp. 54-91).

Encontramo-nos em plena filosofia hermética.

São vários os documentos em que Fernando Pessoa se ocupa da Ordem do Templo, de que se disse filiado, afirmando que ela se encontra em "dormência" desde 1888 (data do seu nascimento). Herdeira da Ordem do Templo, surge em Portugal a Ordem de Cristo, cujo ideário é o mesmo.

No "documento 54 A-29 do Espólio, Fernando Pessoa refere-se ao celebrado Pymandro de Hermes [2]: O que está em baixo é como o que está em cima. Por esta citação se estabelece o elo (que ele deseja ser relacional, mas que não precisa de o ser, quando se trata do oculto) do Subsolo ao Átrio.

Pessoa diz que a organização das chamadas Baixas Ordens copia "guardadas as diferenças obrigatórias" a organização das Altas Ordens.

As Ordens do Átrio iniciam por meio de símbolos as Ordens do Claustro, superiores às primeiras, por meio de chaves herméticas, e as Ordens do Templo "iniciam plenariamente - isto é, dizendo e explicando os mystérios" (Esp. 54 A-95).

Ao adepto são pedidas várias vitórias: a vitória sobre o Mundo, a vitória sobre a Carne, a vitória sobre o Diabo (Esp. 53-59/60). Mas no fim do caminho, descobre que "terá o que sempre teve", isto é, que nada lhe é dado exteriormente que ele já não possua primeiro interiormente.

Este é o sentido místico de toda a iniciação. Dá-se "no Ego Íntimo" (Esp. 53-78), em quem morrer o mundo, a carne, o diabo (a tentação de ambos) e que ressurge para uma vida nova, esclarecida, iluminada.

Para Pessoa "a vida é uma symbolologia confusa" (Esp. 53 B-79) e nada deve ser tomado como definitivamente conhecido. Existe sempre o perigo do erro e da ilusão.

Desenvolve ainda a ideia de que a iniciação tem a ver com alma, sendo "uma espécie de nova região por onde a alma se transforma" (Esp. 53 B-83).

Os graus de inciação representam estados de conhecimento que são simultaneamente estados de vida. Quando se consegue esta união de verdade, o inferior liga-se ao superior, ou seja, o inferior revela-se o superior, pois tudo é um [3].

A maçonaria é para Fernando Pessoa, "uma vida", mais do que uma sociedade ou uma Ordem. O objetivo final que se pretende atingir é, na sua opinião, a sabedoria e não um Grau. Entendido pela intuição (que é a inteligência da emoção, como ele diz), o significado dos símbolos ritualmente recebidos, o adepto transforma-se em filósofo.

Ao filósofo ele aconselha como regra o silêncio, o estudo e o trabalho. E que organize a sua vida "como uma obra literária pondo nela a maior unidade possível" (Esp. 28-43).

Diz contudo que "o significado real da iniciação é, para este mundo em que vivemos um símbolo e uma sombra, que esta vida que conhecemos pelos sentido é uma morte e um sono, ou, por outras palavras, que o que vemos é uma ilusão" (Esp. 54 A-55). A iniciação é o dispersar desa ilusão.

Confia-se sobretudo no estudo e na intuição. A intuição é reveladora de conteúdos profundos e espirituais. Permite "a união com deus" de que se fala (Esp. 54 A-63).

Aquele que procura iniciar-se torna-se adepto da Ordem Interior, despido de preconceitos dogmáticos. Dos três caminhos à escolha poderá seguir o místico, o mágico e gnóstico (no entanto, a verdadeira iniciação inclui os três).

Os graus também são três: Neófito, Adepto, Mestre, ou melhor, são dez: quatro em Neófito, três em Adepto e três em Mestre. O Neófito é essencialmente um estudioso. No Adepto há o progresso da unificação do conhecimento com a vida. No Mestre há a destruição desta unidade por via de uma unidade mais alta. (Esp. 54 B-17)

Diz ainda Pessoa que escrever poesia é o objetivo da iniciação. O grau de Neófito será a aquisição dos elementos culturais com que o poeta terá de lidar ao escrever poesia; o grau de Adepto será o de escrever simples poesia lírica; o grau e Mestre será o de escrever poesia épica, poesia dramática; e a fusão de toda a poesia, lírica, épica e dramática, em algo de superior que as transcenda (Esp. 54 B-18).

Fernando Pessoa encontra na poesia hermética uma via para o instruir sobre a natureza do homem (e da arte, como sua mais elevada dimensão), a natureza do Universo e Deus.

Alcança deste modo uma forma de sabedoria, em que, segundo as palavras do livro do Desassossego, resta a literatura, que é a única verdade, com o pensamento, que é afinal a única maneira de conhecer e sentir, em que a escrita (a sua obra literária) é a grande revelação.

[1] Pessoa definia a inteligência da emoção antes da chamada inteligência emocional de Daniel Goleman.

[2] Hermes Trismegisto, o três vezes grande. De Hermes deriva o termo hermetismo/hermético.

[3] Entendo isso como sendo o equivalente de, ao invés de descermos até o inferno, façamos o inferno subir até nós.

Fonte: Universidade Fernando Pessoa

domingo, 3 de junho de 2012

Sobre a Infelicidade e o Sofrimento

A felicidade não é deste mundo. Certamente, o Divino Mestre sofreu ao carregar a cruz ao Calvário. No entanto, o que o sustentava no trajeto era o significado do Seu sofrimento. Havia um "por que" sofrer (neste caso, toda a humanidade).

Não façamos apologia ao sofrimento: o sofrimento vão é masoquismo. Já o sofrimento, quando dotado de um "por que" ganha um sentido heróico, como o sofrimento de Jesus. É preciso pararmos de buscar uma vida plena de felicidade sob o risco de a atingirmos sob o efeito de drogas, como o Lexotan.

A infelicidade não é sintoma de desajuste. Ao contrário: é o contraste, as trevas, que nos dão a capacidade de distinguir a luz.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

E.T. O Extraterrestre

O filme E.T. O Extraterrestre celebra seu aniversário de trinta anos com uma primeira edição em blu-ray que será lançada no mês de outubro, conforme anúncio da Universal Pictures.


Remasterizada digitalmente e com som 7.1, a edição especial inclui também uma cópia digital e outra em DVD, além de uma entrevista recente com o diretor Steven Spielberg e os Diários de E.T., que mostram mais de uma hora de material inédito sobre a filmagem.

Em 1982, E.T. O Extraterrestre se tornou o maior sucesso de bilheteria do ano, estreando em primeiro lugar em todos os países onde foi exibido, e foi indicado a nove prêmios Oscar, conquistando o de Melhor Trilha Sonora [1], Melhores Efeitos Especiais, Melhores Efeitos Sonoros e Melhor Som.

É, sem dúvida alguma, um dos filmes mais especiais para mim, tendo sido inclusive, o primeiro filme que eu, então um garotinho de seis anos, vi no cinema. A sensação foi tão incrível que vive na minha memória até hoje.

Uma pena essa ótima notícia coincidir com as novas regras para envio de blu-rays ao Brasil pela Amazon.com.

[1] Do gênio John Williams.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Os Deputados Somos Nozes

A etimologia da palavra "senado" nos remete à Roma Antiga; vem do latim senatus, a "assembléia dos anciões". Já a palavra "deputado" vem de deputatus, que significa "designado para purificar ou resolver uma situação". Não vou escrever o que estou pensando pois acredito que o(a) leitor(a) esteja pensando o mesmo que eu; e sim, trata-se da mesma raiz da palavra.

Historicamente, os deputados são os representantes do povo e devem expressar sua vontade e agir como tal. E comportam-se de maneira idêntica à maneira que parte significativa do povo agiria: enriquecendo ilicitamente, gozando de informação privilegiada, prevaricando e sendo nepotista.

Da mesma forma, assim como os seus representados, muitos são ignorantes. Alguns candidatos que foram submetidos aos testes da Justiça Eleitoral para comprovar a capacidade de ler, escrever e interpretar, continuam na disputa, mesmo tendo respondido alguns absurdos nas provas.

 
A câmara e a assembléia são uma imagem do povo. Quer melhorar o quadro político? Comece melhorando a si mesmo. Afinal, no fundo, os deputados somos nozes.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Arrependimento


O erro é um fato na vida de todos. Não há um ser humano que não tenha cometido um erro no decorrer de sua vida. Quando nos damos conta dos nossos erros, logo vem o arrependimento.

 "Porque todos tropeçamos em muitas coisas" - Tiago 3:2
 
Do grego μεταμέλεια, Metanóia (Meta = Mudança, Nóia = Mente), arrependimento quer dizer Mudança de Mentalidade. Freqüentemente, o catalisador dessa mudança é a dor, como nos ensina o poeta italiano Giacomo Leopardi: "É possível repousar sobre qualquer dor de qualquer desventura, menos sobre o arrependimento. No arrependimento não há descanso nem paz, e por isso é a maior ou a mais amarga de todas as desgraças".

No entanto, vale ressaltar que tal dor é vã, se não vier acompanhada também de uma mudança de atitude. É preciso que sejamos dignos de nossa dor. Dostoiévski afirmou uma vez: "Temo somente uma coisa: não ser digno do meu tormento". O arrependido verdadeiramente percebe e se sensibiliza das conseqüências ruins que seus atos causaram para outras pessoas.

Essa sensibilização à dor alheia leva o arrependido a uma tristeza verdadeira pelo dano sofrido pelos que prejudicou. E, como conseqüência, deve fazer o arrependido tomar uma firme decisão de não mais cometer o mesmo erro, para não mais causar mal aos outros. O arrependimento pode assim, também, ser considerado como a dor sentida por causa da dor causada.

Fonte: Wikipedia

Crédito dos quadrinhos: MenTirinhas

terça-feira, 29 de maio de 2012

Reforma Íntima

Muitos são os motivos que nos levam à Casa Espírita: Pelo amor, pela dor, convite de alguém, hoje pela razão, etc...

E o que acontece? Assistimos palestras, recebemos o passe, tomamos água fluidificada e vamos embora. Somos espíritas apenas dentro da Casa Espírita, estas atitudes irão se repetir por longo tempo. Mas à medida que vamos estudando e compreendendo melhor os ensinamentos espíritas, sentimos que necessitamos nos integrar mais nas ações de reforma moral da sociedade, e nada melhor para fazermos isso do que iniciando por nós mesmos, ou seja, que sejamos espíritas na convivência com o mundo, e isso nos leva à nossa reforma moral.

Todo espírita estudioso caminha neste sentido, porque compreende que o Espiritismo como filosofia busca atingir o seu mais nobre objetivo, que é a reforma moral da criatura.

A grande maioria dos livros escritos pelas vias mediúnicas são ricos de ensinamentos e verdadeiros tratados de saúde mental, com uma terapia baseada no Evangelho de Jesus e na Codificação Kardequiana.

Livros como: "Auto Conhecimento", "O Homem Integral", "O Ser Consciente", "Espelho D’alma", "Momentos de Renovação" e outros não necessariamente espíritas, nos indicam a importância da Reforma Íntima, ou renovação de atitudes, como fator essencial para alcançarmos o progresso moral e espiritual, visando à nossa felicidade relativa.

Duas afirmativas nos chamam à reflexão:

( 1 ) Renovação de atitudes:

Um jovem foi ao médico, queixando-se de dores abdominais. Tendo sido atendido pelo médico, este atencioso, realizou exames, fez entrevistas, e ao final chegou ao diagnóstico: Cirrose hepática, doença do fígado por ingestão de bebida alcoólica. Enfermidade conhecida e facilmente tratável, receitou um tratamento, onde o paciente deveria tomar uma medicação, fazer caminhadas diárias, ao final da caminhada realizar algumas ginásticas. O paciente saiu satisfeito pois veria-se livre de suas dores. Ao final de um mês, retornou novamente o paciente ao consultório médico, onde o doutor o atendeu solícito.

Ah, doutor! O tratamento não deu resultado, pois continuo a sentir dores. O profissional estranhou, pois tinha confiança em seu diagnóstico, mas voltou a examiná-lo.

_ O senhor tomou o remédio que lhe receitei?

_ Sim senhor doutor, certinho, três vezes ao dia!

_ O senhor fez as caminhadas para melhorar a circulação? 

_ Cinco quilômetros todos os dias doutor!

_ O senhor fez as ginásticas como recomendado?

_ Uma hora diária após as caminhadas doutor!

_ O senhor parou de beber?

_ Não doutor... doutor continua doendo...

A medicina terrena trata das enfermidades do corpo físico, o Espiritismo trata das enfermidades do espírito (estando ele encarnado ou não). O médico nos escuta, analisa, faz exames e nos recomenda um tratamento. A Casa Espírita, nos escuta, analisa, consola, e também nos recomenda mudanças de atitudes; mas esta vai mais além em nosso benefício, pois nos fornece o passe magnético, a água fluidificada e em alguns casos tratamentos de desobssessões.

Mas assim como no caso do paciente enfermo, se quisermos melhorar, cumpre que façamos a nossa parte mudando as nossas tendências negativas, ou ficaremos indefinidamente tomando remédios, realizando caminhadas, fazendo ginásticas, recebendo passes, tomando água fluidificada...

Emmanuel, em uma de suas mensagens no diz: "O pastor conduz o seu rebanho, mas são as ovelhas que andam com as próprias pernas".

( 2 ) Felicidade relativa:

(Em virtude da afirmativa de Jesus – "A felicidade não é deste mundo" Bíblia, Eclesiastes; e Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo V, item 20). Analisando esta afirmativa do Cristo apenas pela letra que mata e não pelo espírito que vivifica, muitos apressados, inimigos do estudo e cultores do negativismo atribuem que estamos na Terra para sofrer, que este é um vale de lágrimas, aqui só há dores e aflições, etc. Semelhantes afirmativas são no mínimo equivocadas e inconseqüentes, pois espalham o desânimo, pessimismo, descrença, resignação incondicional. A nossa razão nos mostra que podemos e temos momentos felizes mesmo no estágio evolutivo em que nos encontramos, pois quem não fica feliz com um casamento? O nascimento do primeiro filho? Uma formatura? O primeiro emprego? No aniversário, receber aquele presente tão esperado? Jesus, profundo conhecedor, não iria contrariar as Leis Naturais, negando estes fatos. Ele se referia tão somente à felicidade plena, que é atributo apenas dos Mundos Felizes e Angélicos.

Sabemos então que para evoluirmos espiritualmente temos que realizar a nossa Reforma Íntima, mas algumas perguntas nos assaltam:

O que é Reforma Íntima? Ela deve ser compreendida como a chave mestra para o sucesso de sua melhora interior e, conseqüentemente, da sua felicidade exterior.

Para que serve? Renovar as esperanças interiores tendo por meta o fortalecimento da fé, a solidificação do amor, a incessante busca do perdão, o cultivo dos sentimentos positivos e a finalização no aperfeiçoamento do ser.

O que fazer? Realizar atos isolados, no dia-a-dia levando-nos a melhorar as nossas atitudes, alterando para melhor a nossa conduta aproximando-a tanto quanto possível do ideal cristão.

Por onde começar? Pela auto crítica.

Como fazer a reforma íntima? Bem...

Embora uma linha de pensadores espíritas entenda que os meios de o conseguir é obra e esforço de cada um, as obras literárias estão repletas de indícios e dicas.

Em "O Livro dos Espíritos" no capítulo Conhecimento de si mesmo, à pergunta 919, Allan Kardec questiona aos Espíritos:

( 919 ) Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

"Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo."

Allan Kardec, profundo conhecedor das deficiências humanas, investiga mais a fundo no desdobramento da questão acima.

( 919a ) Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?

"Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar...(Santo Agostinho).

Parece resultar daí que o conhecimento de si mesmo é, a chave do progresso individual.
(esta é uma tarefa que compete a cada um individualmente)

Ocorre-nos lembrar de Benjamin Franklin, Estadista, escritor e inventor norte americano (inventor do para-raio, Boston 17-01-1706 - Filadélfia 17-04-1790).

Benjamin Franklin era um tipógrafo na Filadélfia homem fracassado e cheio de dívidas, achava que tinha aptidões comuns mas acreditava que seria capaz de adquirir os princípios básicos de viver com êxito, se pudesse apenas encontrar o método certo. Método este encontrado e relatado em seu livro a "Autobiografia de Benjamin Franklin" (1771-1788).

Benjamin Franklin, em sua juventude era um homem de muita inteligência e perspicácia, apesar de ter estudado apenas até o segundo ano primário. Era ávido por conhecimento e lia muito, estudava e escrevia ensaios e poesias. Estudava sobre tudo que lhe interessava, principalmente sobre os grandes vultos da história de todos os tempos. Por isso mesmo tinha uma grande cultura e um conceito moral muito rígido, e cobrava-se muito, bem como, cobrava aos outros a mais correta e ilibada conduta. Em suas reuniões sociais, tecia críticas francas e ácidas sobre todos os deslizes de seus colegas, sentindo um prazer mórbido em derrotar verbalmente aos seus oponentes, fato que ao longo do tempo foi deixando-o só e isolado nas reuniões a que eram "obrigados" a convidá-lo pelo seu cargo político.

Sentindo o peso deste isolamento, em conversa com um amigo muito chegado, comentou esta aversão das pessoas de seu convívio.

Tendo sido localizada a causa deste sentimento de aversão, com uma tenacidade que só as almas valorosas possuem, empreendeu luta acirrada ao combate às suas imperfeições.

Mas por mais que se esforçasse, controlava uma imperfeição mas caía invariavelmente em outra, quando esta outra recebia a sua atenção novo deslize fazia-o tropeçar, e a situação não avançava. Era como se estivesse tentando reter água com as mãos que, não obstante, escorria por entre seus dedos.

O isolamento continuava e até acentuava-se.

Lembrando-se das habilidades bélicas de Napoleão Bonaparte, que adotava a estratégia de "dividir para vencer", de espírito inventivo, Franklin imaginou um método tão simples, porém tão prático, que qualquer pessoa poderia empregá-lo.

Franklin escolheu treze princípios que julgava ser necessário ou desejável aprender e procurar praticar. Escreveu-os em pequenos pedaços de cartolina, com breve resumo do assunto, e dedicou uma semana da mais rigorosa atenção a cada um desses princípios separadamente. Desse modo, pode percorrer a lista toda em treze semanas, e repetir o processo quatro vezes por ano.

Quando passava ao princípio seguinte não esquecia os anteriores, e cada vez que se pegava em falha, fazia uma pequena marca no verso do cartão, assim no retorno àquele princípio dedicava maior atenção e esforço.

Manteve em segredo o que estava fazendo, pois receava que os outros se rissem dele. (é triste constatar que até aos dias de hoje nos vangloriamos de atos incorretos, falcatruas, engodos, vícios que cometemos, mas temos vergonha de admitirmos que estamos tentando melhorar praticando alguma virtude).

Ao fim de um ano Franklin havia completado quatro cursos, e constatou que já buscava com naturalidade o controle de suas falhas, apesar de estar longe de dominar com perfeição qualquer daqueles princípios.

Este procedimento deu tão certo que Franklin utilizou-o ao longo de toda a sua vida, embora mudando os princípios uma vez já tendo controlado aquela deficiência combatida.

Os treze princípios de Benjamin Franklin eram:

1. Temperança: Não coma até o embotamento; não beba até a exaltação.

2. Silêncio: Não fale sem proveito para os outros ou para si mesmo; evite a conversação fútil.

3. Ordem: Tenha um lugar para cada coisa; que cada parte do trabalho tenha seu tempo certo.

4. Resolução: Resolva executar aquilo que deve; execute sem falta o que resolve.

5. Frugalidade: Não faça despesa sem proveito para os outros ou para si mesmo; ou seja nada desperdice.

6. Diligência: Não perca tempo; esteja sempre ocupado em algo útil; dispense toda atividade desnecessária.

7. Sinceridade: Não use de artifícios enganosos; pense de maneira reta e justa, e, quando falar, fale de acordo.

8. Justiça: A ninguém prejudique por mau juízo, ou pela omissão de benefícios que são dever.

9. Moderação: Evite extremos; não nutra ressentimentos por injúrias recebidas tanto quanto julga que o merecem.

10. Asseio: Não tolere falta de asseio no corpo, no vestuário, ou na habitação.

11. Tranqüilidade: Não se perturbe por coisas triviais, acidentes comuns ou inevitáveis.

12. Castidade: Evite a prática sexual sem ser para a saúde ou procriação; nunca chegue ao abuso que o enfraqueça, nem prejudique a sua própria saúde, ou a paz de espírito ou reputação de outrem.

13. Humildade: Imite Jesus e Sócrates.

A quantos desejarem experimentá-lo, sugere-se analisarem-se, buscando aquelas deficiências mais comuns e corriqueiras, que sabemos possuir, ou as qualidades que não temos mas que gostaríamos de ter, adaptando o método às necessidades e interesses de cada um. Ao alcançar uma conquista, alterar a meta, buscando por outra, que vão surgindo ao longo do tempo, mas cuidando sempre para que não incorram em recaída.

Este não é o primeiro e nem será o último método inventado, que visa à melhoria das pessoas através da reforma íntima, mas com certeza, nos aponta mais uma alternativa palpável e simples, que está ao alcance de quantos tiverem a coragem e a vontade firme de empreender esta luta íntima na escalada evolutiva.

Não é um caminho fácil. Não existe caminho fácil. Mas é um caminho seguro.

Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", no capítulo XVII, Sede Perfeitos, Allan Kardec escreveu:

"Reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que emprega para domar as suas más inclinações".

Na Bíblia em "O Novo Testamento", Tiago em suas epístolas nos adverte: "Fé sem obras é estéril".

Que Jesus nos ilumine e guie.

Muita paz.

Fonte: texto de João Batista Armani