Existe alguma confusão a respeito do que a magia é realmente. Penso que isso possa ser elucidado se você apenas olhar as mais velhas descrições de magia. Magia na sua forma mais antiga é referida como "A Arte". Creio que isto seja completamente literal. Creio que a magia é arte, e que essa arte, seja a escrita, a música, a escultura ou qualquer outra forma é literalmente magia. A arte é, como a magia, a ciência de manipular símbolos (palavras ou imagens), para operar mudanças de consciência. A verdadeira linguagem da magia trata tanto da escrita como de arte e também sobre feitos sobrenaturais. Um grimório, por exemplo, um livro de feitiços, é simplesmente um modo extravagante de falar de gramática. De conjurar um encantamento. É somente encantar, manipular palavras pra mudar a consciência das pessoas. Eu acredito que um artista ou escritor são o mais perto do que você poderia chamar de um xamã do mundo contemporâneo.
Creio que toda cultura deve ter surgido de um culto. Originalmente, todas as facetas de nossa cultura, sejam as ciências ou as artes, eram territórios dos xamãs. O fato é que, nos dias atuais, este poder mágico se degenerou ao nível de entretenimento barato e manipulação. Atualmente, quem usa o xamanismo e a magia para dar forma a nossa cultura são os publicitários. Em lugar de despertar as pessoas, o xamanismo é usado como um opiáceo, para tranqüilizar as pessoas, para fazê-las mais manipuláveis. A sua caixa mágica, a televisão, com suas palavras mágicas, seus slogans, pode fazer com que todos no país pensem nas mesmas palavras e tenham os mesmos pensamentos banais exatamente no mesmo momento.
Em toda a magia há um componente lingüístico incrivelmente grande. A tradição mágica dos bardos os colocava num patamar muito mais elevado que os magos. Enquanto os magos poderiam fazer sua mão se mover de forma engraçada, ou fazer você ter um filho com um pé de pau, um bardo não te amaldiçoaria. Ele faria uma sátira, coisa que poderia te destruir. E se fosse uma sátira inteligente, não te destruiria somente aos olhos de teus colaboradores. Te destruiria aos olhos de tua própria família, e aos teus próprios olhos. E, se fosse uma sátira finamente elaborada e muito astuta, o bastante para sobreviver e ser recordada durante décadas ou mesmo séculos, então anos depois de tua morte as pessoas ainda leriam e ririam de tua ruína e do teu absurdo.
Os escritores e as pessoas que podiam comandar as palavras eram respeitados e temidos como gente que manipulava a magia. Nos últimos tempos, creio que os artistas e escritores têm permitido serem vendidos, sendo levados pela maré. Aceitaram a crença predominante de que a arte e a escrita são simplesmente formas de entretenimento. Não são vistas como forças transformadoras que podem mudar um ser humano, que podem mudar uma sociedade. São vistas simplesmente como entretenimento, coisas com as quais podemos ocupar vinte minutos ou meia hora, enquanto esperamos morrer.
Não é o trabalho de um artista dar ao público aquilo que o público quer. Se o público soubesse o que quer, eles não seriam o público, e sim o artista. É o trabalho de um artista dar ao público o que ele necessita.
Creio que toda cultura deve ter surgido de um culto. Originalmente, todas as facetas de nossa cultura, sejam as ciências ou as artes, eram territórios dos xamãs. O fato é que, nos dias atuais, este poder mágico se degenerou ao nível de entretenimento barato e manipulação. Atualmente, quem usa o xamanismo e a magia para dar forma a nossa cultura são os publicitários. Em lugar de despertar as pessoas, o xamanismo é usado como um opiáceo, para tranqüilizar as pessoas, para fazê-las mais manipuláveis. A sua caixa mágica, a televisão, com suas palavras mágicas, seus slogans, pode fazer com que todos no país pensem nas mesmas palavras e tenham os mesmos pensamentos banais exatamente no mesmo momento.
Em toda a magia há um componente lingüístico incrivelmente grande. A tradição mágica dos bardos os colocava num patamar muito mais elevado que os magos. Enquanto os magos poderiam fazer sua mão se mover de forma engraçada, ou fazer você ter um filho com um pé de pau, um bardo não te amaldiçoaria. Ele faria uma sátira, coisa que poderia te destruir. E se fosse uma sátira inteligente, não te destruiria somente aos olhos de teus colaboradores. Te destruiria aos olhos de tua própria família, e aos teus próprios olhos. E, se fosse uma sátira finamente elaborada e muito astuta, o bastante para sobreviver e ser recordada durante décadas ou mesmo séculos, então anos depois de tua morte as pessoas ainda leriam e ririam de tua ruína e do teu absurdo.
Os escritores e as pessoas que podiam comandar as palavras eram respeitados e temidos como gente que manipulava a magia. Nos últimos tempos, creio que os artistas e escritores têm permitido serem vendidos, sendo levados pela maré. Aceitaram a crença predominante de que a arte e a escrita são simplesmente formas de entretenimento. Não são vistas como forças transformadoras que podem mudar um ser humano, que podem mudar uma sociedade. São vistas simplesmente como entretenimento, coisas com as quais podemos ocupar vinte minutos ou meia hora, enquanto esperamos morrer.
Não é o trabalho de um artista dar ao público aquilo que o público quer. Se o público soubesse o que quer, eles não seriam o público, e sim o artista. É o trabalho de um artista dar ao público o que ele necessita.
Fonte: The Mindscape of Alan Moore
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